A imagem acima é o cabeçalho do blog que possui um degradê da cor laranja (parte superior) para o verde claro (parte inferior). Do lado esquerdo está escrito Guia (primeira linha) de Acessibilidade e Cidadania (segunda linha) de Salvador (terceira linha) na cor verde escuro. Do lado direito aparece uma ilustração de um casal de costas e abraçados. O homem em pé, vestido de camiseta e bermuda e a mulher, sentada na cadeira de rodas. Ambos olham na direção do horizonte.




quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Guia é de tod@s nós!

Lançado na tarde de ontem (08 de junho), o Guia de Acessibilidade e Cidadania de Salvador já está disponível (nas versões PDF e TXT) neste Blog.

Agora, chegou a sua vez de fazer parte dessa construção, uma iniciativa da Associação Vida Brasil. Acesse o Guia, descubra o seu conteúdo e nos ajude a manter a publicação atualizada.

Indique novos espaços interessantes. Sugira alterações em estabelecimentos já listados no Guia.

Proponha, partilhe!

Vamos, juntos, construir coletivamente o Guia de Acessibilidade e Cidadania de Salvador.

Você pode deixar os seus comentários aqui ou, também, enviar suas contribuições para o email guiadeacessibilidadessa@gmail.com.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

LANÇAMENTO

Será lançado no dia 08 de junho de 2010 (terça-feira), às 15h, o Guia de Acessibilidade e Cidadania de Salvador, no auditório da Arquidiocese São Salvador (Av. Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia). O Guia é uma iniciativa da ONG Associação Vida Brasil, em parceria com o Governo do Estado da Bahia (através da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos – SJCDH), o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia - CREA-BA e a organização francesa Handicap International.

O Guia é um material de consulta que contém informações sobre os locais que oferecem condições de visitação para todas as pessoas, em especial para aquelas com deficiência ou dificuldade de locomoção. As dicas sugerem desde lugares de passeio como praças, museus, restaurantes a locais públicos que prestam serviços à população da cidade.

SERVIÇO

O Quê? Lançamento do Guia de Acessibilidade e Cidadania de Salvador
Quando? 08 de junho de 2010 (terça-feira)
Onde? Auditório da Arquidiocese São Salvador (Av. Leovigildo Filgueiras,...., Garcia)

A PUBLICAÇÃO SERÁ DISTRIBUÍDA GRATUITAMENTE NO DIA
DO LANÇAMENTO ÀS PESSOAS/ENTIDADES PRESENTES NO EVENTO

MAIS INFORMAÇÕES

Associação Vida Brasil (71 3321-4382/4688 / www.vidabrasil.org.br)
Contatos: Bruna Hercog – Ascom (71 9185-1658 / bruna@vidabrasil.org.br) / Islândia Costa (71 9185-1669 / islandia@vidabrasil.org.br)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Apresentação

O Guia de Acessibilidade e Cidadania de Salvador é um material de consulta que contém informações sobre os locais que oferecem condições de visitação para todas as pessoas, em especial para aquelas com deficiência ou dificuldade de locomoção. As dicas sugerem desde lugares de passeio como praças, museus, restaurantes a locais públicos que prestam serviços à população da cidade.

A proposta desta publicação não é afirmar que Salvador é acessível. No entanto, existem algumas iniciativas na promoção da acessibilidade que devem ser destacadas, não só como forma de valorização destes espaços, mas, principalmente, para apresentá-las às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. São espaços que mesmo sem condições de acessibilidade total apresentam uma possibilidade de uso (em alguns casos é preciso contar com ajuda), sem colocar a dignidade e a segurança do usuário em xeque.

Fornecer, prioritariamente, às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida e entidades da área opções variadas de serviços e lazer que possuam alguma preocupação com a acessibilidade é o principal objetivo deste Guia. Mas também ele tem o papel de sensibilizar a iniciativa pública, privada e a sociedade civil para a promoção da acessibilidade em Salvador.

A publicação é uma iniciativa da Organização Não Governamental Vida Brasil, em parceria com o Governo do Estado da Bahia (através da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos – SJCDH), o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia - CREA-BA e a Handicap International, organização de origem francesa.

Acessibilidade: uma questão fundamental de direitos humanos

Salvador, uma cidade deficiente? Foi com essa pergunta que, em 1997, a Vida Brasil lançou junto com o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (Comdef) o primeiro seminário de acessibilidade e cidadania e iniciou suas atividades em torno dessa problemática. Posteriormente, a palavra Acessibilidade, ainda sob muitos aspectos desconhecida ou mal interpretada, ganhou sentido e se tornou bandeira de todo um segmento de pessoas com deficiência. As organizações de pessoas com deficiência, em diversas ocasiões, já tinham denunciado a existência de barreiras na cidade que dificultavam ou inviabilizavam sua locomoção, e a Vida Brasil apresentou a temática como “uma questão fundamental de direitos humanos”.

Há doze anos, questionar a deficiência da cidade foi um passo inédito na história de Salvador. Éramos protagonistas de uma nova era e de novos conceitos em uma época na qual nem a legislação, em âmbitos federal, estadual ou municipal, reconhecia a acessibilidade como direito. Por isso, a questão colocou-se para muitos como um estranho discurso. Já as organizações da área da deficiência, e principalmente de pessoas com deficiência, acharam na questão da acessibilidade um forte motivo para uma luta unificada. As investigações sobre a deficiência e os estudos com acessibilidade nos anos posteriores nos mostram que as relações entre as pessoas e o espaço construído guardam múltiplas realidades, desconhecida de pesquisadores, mas intensamente vivenciadas por aqueles que vivem o espaço urbano de forma diária. O cotidiano do espaço público soteropolitano nos apresenta uma cidade excludente, que maltrata o corpo pobre e com deficiência.

Na última década surgiu o conceito de pessoas em situação de deficiência (Canadá) levando-nos ao melhor entendimento dos múltiplos fatores externos e pessoais que interagem no processo de produção da deficiência; ou seja, estar em uma situação de deficiência não se limitava mais unicamente ao fato de ser uma pessoa com deficiência. Sob esse ângulo o conceito de acessibilidade adquiriu um novo significado.

Não nos surpreende quando ao analisarmos os dados do último censo do IBGE, 2000, encontramos nas regiões Norte e Nordeste o maior número relativo de pessoas com deficiência. Essas regiões concentram os maiores bolsões de pobreza e menores IDH (Índices de Desenvolvimento Humano). Deficiência e pobreza caminham lado a lado. Pesquisas mostraram que a falta de acompanhamento na gestação, falta de alimentação, falta de esgotamento sanitário, enfim: falta de acesso aos direitos básicos trazem conseqüências graves para as populações e entre elas diversas deficiências.

As estatísticas do IBGE também apontam para um maior número de pessoas com deficiência entre as populações negras e indígenas. Parece-nos importante considerar que a maior parte dessas populações no Brasil encontra-se em condições econômicas abaixo da linha da pobreza. Sob essa lógica, também podemos destacar os impactos das discriminações cumulativas, a exemplo da mulher negra e com deficiência, colocada no grau mais baixo da pirâmide social. É muito comum vermos mulheres negras que se deslocam de bairros periféricos ou região metropolitana de Salvador carregando suas crianças com deficiência, para serem atendidas em Centros especializados que só se encontram nos centros urbanos como Salvador.

Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) comprovam que crianças negras têm duas vezes mais chances de estarem fora da escola que as crianças brancas e se elas possuem algum tipo de deficiência esse fator aumenta para quatro. Acrescenta-se ainda, o fator regionalidade, pois populações que estão localizadas em regiões peri-urbanas e interior não têm acesso aos mesmos serviços que as populações urbanas (saúde, educação etc). Por exemplo, em bairros populares de Salvador, tais como Liberdade, Boca do Rio, Cajazeiras a distribuição de bens e serviços é reduzida, a exemplo de agências bancárias, hospitais, espaços de lazer se comparados aos bairros onde residem populações mais ricas como, por exemplo, Pituba, Graça e Barra.

Vejamos ainda a situação de jovens com deficiência de bairros populares, que se deslocam para estudar e quando conseguem vagas em escolas com alguma acessibilidade normalmente são distantes de seus bairros de origem. A distribuição de equipamentos urbanos é desigual e muitas vezes inexistente em alguns espaços da cidade.

Enfim, toda discussão da acessibilidade deve abarcar um sentido mais amplo, não podemos mais discutir acessibilidade sem considerar dimensões fundamentais como raça, gênero, geração e regionalidade. Esses fatores influenciam em dois níveis de discussão sobre acessibilidade. Primeiro: acessibilidade também diz respeito a outros segmentos populacionais e não somente ao das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. O acesso dos negros, das populações periféricas aos espaços e serviços da cidade não é o mesmo acesso que se beneficiam as populações brancas ou ainda os moradores da “cidade formal”. Segundo: mesmo a acessibilidade considerada sob a ótica da pessoa com deficiência, deve levar em conta fatores de discriminação cumulativa que influenciam diretamente no acesso dessas pessoas aos espaços e serviços da cidade.

Na realidade prática, legislação, normas e discursos não garantem a realização da acessibilidade no espaço público de forma desejada. Por enquanto a produção de conhecimento em acessibilidade, parece dar conta da realidade prática em escala da edificação, ou do acesso imediato; rampas de passeio, pistas táteis para pessoas com deficiência visual, mobiliário e equipamentos urbanos. Esta discussão ainda parece invisível quando se trata de planejamento em escala da cidade ou região, e a acessibilidade sempre vem como um apêndice.

Talvez por isso essa questão seja apenas tratada na sua maioria por arquitetos e especialistas que atuam na escala da edificação, do micro, dando ênfase as questões técnicas ligadas à escolha de materiais, equipamentos e mobiliários e a sua locação no espaço urbano. Ou seja, o tema é pensado ainda, de forma reduzida, distante da realidade dos grandes problemas estruturantes da questão urbana nas nossas cidades.

É na perspectiva de inverter essa realidade e garantir uma cidade mais acessível e igualitária para todas e todos que o Programa de Acessibilidade da Vida Brasil é desenvolvido. O Guia de Acessibilidade e Cidadania de Salvador é uma de suas iniciativas. Acreditamos que essa publicação, fruto, inclusive de uma parceria entre a sociedade civil organizada e o poder público é uma prova de que com diálogo e persistência podemos transformar essa situação em prol de uma vida digna a todas as cidadãs e cidadãos de Salvador.


Associação Vida Brasil